O mar, de um cinza anilado, pincelado a oiro e
prata pelo sol da tarde, com leves ondas de espuma branca, permanece impávido e
sereno à busca da jovem mulher, curvada sobre a areia.
Com um pequeno pau na mão, lá vai mexendo e
remexendo, em busca do seu tesouro.
Que procura ela com tanta sofreguidão?!
Uma jóia perdida, uma moeda enterrada na areia
húmida ou simplesmente um beijinho ou um búzio, lançado na praia na maré alta?
Senta-se e continua afanosamente a sua procura desenfreada…
Nada encontra!...
Levanta-se, estica as costas cansadas e dobra-se
novamente pesquisando todos os meandros do areal.
Aninha-se, para conseguir visualizar o tesouro
escondido nesta areia infinda semeada de toda a espécie de restos de conchas e
detritos.
Uma gaivota parada junto ao mar, olha curiosa
para esta mulher que, com tanto afã dedica o seu tempo a uma procura
infindável.
E ela, lá segue junto à rebentação das ondas…
E… que vejo eu?!
Um homem, de boné na cabeça, junta-se a ela
naquela busca insana e, os dois curvados, mexendo e remexendo na areia, em
busca sabe-se lá de quê.
Do pão do seu sustento, de uma preciosidade
perdida, de uma concha especial ou única e simplesmente a busca infinda do
passar do tempo debaixo de um sol morno de inverno ou, quem sabe, apenas uma
pequena lembrança levada deste areal dourado, beijado pelo calor do sol de
Janeiro, nesta linda praia da Póvoa de Varzim?!...
E eu, aqui sentada, à mesa de um café, vou
também passando o meu tempo escrevendo sobre nada e dizendo quase tudo.
Há momentos felizes, passados em busca de nada e
encontrando tão pouco, mas repletos de uma calma incomparável e do aproveitar
sereno da nossa existência.
10/1/2012
Maria
Sá