domingo, 5 de julho de 2009

À minha namorada

Bela e airosa
Passaste por mim
Sorriste
E eu, pobre mortal...
Fiquei enfeitiçado
Só em ti pensando
Só vendo teus olhos
Brilhantes
Sorridentes!...
Teus cabelos
Esvoaçantes
Teu riso alegre
Teu ar desembaraçado!...

Tua feição
É para mim
Tão bela...
Tão terna
Tão cheia
De carinho e emoção!...

Passo noites acordado
Só pensando em ti
No desejo que me consome
Na beleza dos teus lábios
Na frescura da tua voz
No teu corpo...
Lindo!... Maravilhoso!...

É assim que eu sonho
Que sofro...
Que rio...
Que vivo...
É e será sempre assim
Minha eterna e doce namorada.

(texto ficcionado de um apaixonado, escrito à sua amada)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ser Amigo (a)

Ser amigo,
É partilhar
Contigo
A alegria de viver!...
É dar
Paz,
Carinho
E amor.

É amar-te
Como tu és.
Com virtudes
E defeitos
E... mesmo assim...
Sentir
Prazer na tua presença
E a magia
Do teu calor!...

É tão bom
Ter um amigo,
A quem possamos
Chamar,
Nos momentos
De alegria
E nos momentos
De dor!...

Ser Mãe!...

Ser mãe
É atingir a plenitude
Da sua missão
De mulher.
Albergar
No seu seio,
O fruto da vida,
O amor mais puro
Que há no seu coração!...

É vida,
Juventude,
Amor,
Doação,
Um grito da vida...
A sua maior emoção!...

É dor,
Alegria,
Luta,
Abnegação!...

É bom ser Mulher...
Mas... ser mãe...
É o preencher
Do seu grande
Coração!...

sábado, 13 de junho de 2009

Ser Feliz!...

Ser feliz
É a vida a nascer
O sol a brilhar
O riso espontâneo
Da criança a brincar...

É luz, é magia,
É o esvoaçar
Hesitante
Da avezinha
Que se lança
Pela primeira vez
A voar... a voar...

É ter a esperança
Num dia de chuva
Que o sol
Voltará a brilhar...

É abraçar a vida
Com amor e carinho,
E ver nos senãos
Um aprender constante
Uma bênção do céu
Para renovar.

Maria Carolina Sá
2009-06-13

Viuvez

Ainda ontem estavas aqui ao meu lado...
Caminhávamos juntos, trocávamos ideias, fazíamos planos...
Ríamos e chorávamos juntos há tantos anos!...
Como foi que partiste?...
Nem tu nem eu nos apercebemos que “ela” espreitava impiedosa a nossa felicidade e, de uma maneira subtil e ardilosa, te levava para sempre!...
Estou só, desamparada, sinto-me sucumbir!...
Queria ter ido contigo, mas... não... eu estou aqui sozinha, perdida, destroçada, sem saber o que fazer!...
Choro, grito, desespero-me, quero-te aqui. Como vou viver sem o teu ombro amigo, o teu carinho?!...
Não sei!...
Sinto-me soçobrar, queria desaparecer, fugir, procurar-te em qualquer lado!...
Mas, ó meu Deus, isso não é possível e tenho de ganhar coragem, enfrentar a vida, ajudar os nossos filhos, vê-los crescer, ensiná-los a ser felizes, fortes e unidos para que a vida lhes seja mais fácil.
Tu foste, partiste... mas sei que estarás sempre connosco pois, o tempo que caminhámos juntos, ensinaste-me os teus valores e eu hei-de ser forte e corajosa para os transmitir aos nossos filhos, aos amigos que partilhámos e àqueles que irão aparecendo na minha vida e me ajudarão a vencer.
Eu sei o quanto tu gostavas de me ver sorrir, de ouvir as minhas gargalhadas, de seres feliz com as minhas vitórias, com o meu sucesso.
Não te vou desiludir, prometo. Vou vestir “uma couraça de protecção”, guardar na minha mente o teu saber e, “juntos” sei que vou vencer.
Sei que estarás sempre comigo embora eu não te veja, não te possa tocar...
Mas, tudo o que vivemos servirá como lema daquilo que planeámos e, se Deus quiser, vou conseguir acabar sozinha aquilo que começámos juntos e lá, onde tu estás, ainda te sentirás orgulhoso de mim.

Esta é a carta que eu gostaria de escrever ao meu falecido marido, que a morte levou tão cedo e que foi para mim o companheiro ideal em todos os aspectos da minha vida. Escrevi esta missiva volvidos 15 anos após o seu falecimento, pois era tudo quanto sentia quando, repentinamente, me vi privada da sua presença.
Que todas aquelas, que perderam o seu companheiro tão violentamente quanto eu, encontrem, nas minhas palavras, algum conforto e coragem para continuarem a vida sozinhas e com alegria.

Maria Carolina Sá
2009-06-12

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Hino ao Amor

Diz-me, meu amor...
Quando se cruzaram
Os nossos olhares...
O meu coração
Bateu mais forte...
O rubor subiu-me
À face...
E, olhando para ti,
Vi aquele que seria
O meu companheiro,
O meu amigo,
O meu amante,
O pai dos meus filhos?!...

Diz-me, meu amor...
Quando foi
Que te vi
Com os olhos
Da alma?!...
Te acariciei
Com o olhar...
Te toquei
E estremeci...

Diz-me, meu amor...
Que magia me tocou
Que brilho
Encontrei em ti
Que beleza
Eu vi
Nesse homem
Que tu és
Talvez vulgar
Para os outros
Mas para mim
Tão diferente...
Tão terno!...
Tão lindo!...

Que dor é esta
Que sinto
No meu coração
Quando estás
Longe de mim?!...
Que angústia
Se instala
No meu peito
Quando penso
Que te posso perder
Quando de mim
Te afastas
Ou teu olhar
Está ausente?

Desconhecia
Este feitiço
Esta dor...
Esta paixão!...
Só sei
Que te amo muito
Que te quero
Que te guardo
Todo em meu coração.

Homenagem ao meu falecido marido José Almeida Alves

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Parabéns

Parabéns!...
Parabéns!...
Felicidades!...
Que tenhas um dia feliz!
Que este dia se repita por muitos anos!
É este o hino à vida!...
É este o nosso entusiasmo por termos vivido mais um ano.
É este o nosso agradecimento sincero à Mãe Natureza por nos ter acolhido nos seus braços e deixar-nos fazer parte dela e, assim, sentirmos o quão belo é viver apesar de todas as dificuldades que tivemos de enfrentar, das noites mal dormidas, das lágrimas vertidas, dos momentos de angústia e desespero, das dores sofridas, da angústia que nos aperta o peito...
Hoje sentimo-nos felizes, acarinhados, lembrados pelos familiares, pelos amigos e até por aqueles que nos invejam.
É hoje o dia do nosso aniversário!...
Aquele dia mágico em que uma MULHER se sentiu feliz, apesar das dores do parto, apesar do incómodo da gravidez.
Aquele dia maravilhoso em que a mulher é rainha e é chamada de MÃE.
Aquele dia em que “cantam os anjos” pois uma nova vida foi entregue à Mãe Natureza.
Parabéns!
Parabéns!
Tal como os sinos anunciam os grandes acontecimentos, também nós ouvimos esta palavra com alegria, mas com respeito.
Estamos felizes por mais um ano de vida.
Recebemos prendas, beijos, carinhos sem fim, porque tudo o que nos rodeia vibra com a nossa presença neste mundo.
O meu dia de aniversário!...
O dia que é meu, pois foi nessa data, há tempos atrás, que dei o primeiro grito para a vida.
E, então, pela grande alegria de viver cantemos sem cessar:

Parabéns a você
Nesta data querida
Muitas felicidades
Muitos anos de vida

Tenha sempre do bom
Do que a vida contém
Tenha muita saúde
E amigos também

Hoje é dia de festa
Cantam as nossas almas
Para o(a) “menino(a)”...
Uma salva de palmas.

Beijos!...
Carícias!...
Abraços!...
Festa!...
Alegria!...
Música!...
Sorrisos!...
Gargalhadas!...

Saúde!...
Coragem!...
Força!...
Amigos!...
Esperança!...
Audácia!...
Harmonia!...

Bolos!
Guloseimas!
Champagne!
Velas acesas!
Risos de criança!
Felicidade!

E que esta data se repita por muitos e felizes anos.

8 de Junho de 2009

sábado, 6 de junho de 2009

Viver com Alegria

Viver como?
Se a vida nos depara tanto infortúnio, tanta dor, tanto desalento que, por vezes, nos sentimos impotentes perante as adversidades que nos cercam e nos levam ao desespero, ao desânimo, ao “cruzar os braços” pois, as forças abaladas tornam-nos presas fáceis da depressão, da tristeza, do “viver para quê?”.
Basta-nos, no entanto, olhar para o lado para vermos muitos outros com tantos ou mais problemas que nós, de difícil solução ou até francamente insolúveis.
A vida tem de ser vivida com entusiasmo, com amor e coragem ilimitados, para fazermos das contrariedades aprendizagens e conseguirmos “crescer” com elas, arranjarmos força e energia para lutar e fazer do dia a dia algo de bom, de incrivelmente belo e fascinante, ao ponto de, no sofrimento, encontrarmos alegria, realização pessoal e o gostinho saboroso da vitória perante as adversidades.
Cada dia da nossa vida é uma dádiva de Deus que deve ser vivida em pleno e, quando a noite vem, sintamos o calor das nossas pequenas batalhas ganhas com tanta perseverança, amor incondicional e a satisfação de termos feito o melhor, no meio do turbilhão de adversidades que conseguimos enfrentar.
E... quando as forças fraquejam, paremos um pouco... descansemos o corpo e a mente e observemos a beleza extasiante de uma flor, exalemos o seu perfume, sintamos o suave deslizar dos nossos dedos nas suas pétalas de seda, a beleza estonteante com que ela ( apenas com dias de vida ) se expõe ao Sol resplandecendo feliz e plena de cor nas poucas horas de vida que lhe restam.
Tudo o que a Natureza gratuitamente nos oferece, nos dá a mais bela lição de vida: o esplendor luxuriante dos verdes campos, as folhas caídas e enlameadas no Inverno, a explosão de cor e vida da Primavera e a calmaria quente do Verão. Animais e plantas vivem o seu dia a dia, confiantes no grande poder da Mãe Terra e do momento que passa. Cada dia, cada hora, cada minuto ou segundo, seja por nós transformado em algo de belo, para que o nosso coração esteja disponível para os outros, qual girassol virado para o astro-rei, recebendo o calor dos seus raios, a carícia da brisa fresca, a frescura das gotas de orvalho que a refresca e alimenta e, segurando-se firmemente à terra, quando o vento forte o fustiga ou a chuva impiedosa lhe arranca as pétalas.
A resignação é uma virtude. Mas não façamos dela um mar de lamentações, uma dolorosa e inevitável luta durante a tempestade mas, sim, a força e alegria da vitória contra os múltiplos problemas que nos surgem.
Não passemos os dias angustiados a pensar no que pode acontecer amanhã, no futuro que desconhecemos ou imaginando fracassos e calamidades. Vivamos um dia de cada vez, intensamente e sempre como se fosse o último das nossas vidas. Assim conseguiremos resolver os problemas com mais calma, mais saber e sem a frustração de nunca atingirmos uma felicidade imaginada, mas inacessível, que só nos trará desalento e desilusão!...
Sintamo-nos felizes com aquilo que vencemos hoje e preparemo-nos confiantes no que tivermos de enfrentar amanhã.
A vida é uma aprendizagem constante e só com optimismo faremos dos momentos maus, menos maus; dos bons, óptimos e dos realmente agradáveis e felizes o culminar da beleza das nossas almas resplandecentes perante a alegria de viver.
Coragem, muita coragem!...
Abnegação e amor infinito!...
Amarmo-nos a nós próprios com todas as nossas limitações, mas com o poder incalculável da vontade de vencer.
E... viva a alegria, a coragem, o amor sem limites e a inabalável vontade de vencer.

2007-01-08

Maria Carolina da Silva Cardoso e Sá

Chegou o Inverno


Árvores despidas,
Seus ramos esguios
Erguidos para o céu
Num acto de reflexão,
De amor!
De agradecimento...
Ao Deus Criador!

Caem as chuvas copiosas
Inundando o chão,
Mas, crescendo nos rios,
Nas fontes,
Nas nascentes refrescantes
Que brotarão
Matando a sede
Ao viajante incauto
Que desce a estrada desta vida
De dor, sofrimento,
Muita alegria!
Muita frustração!

Cobrem-se de neve
Os campos extensos...
Os dias são frios
Escuros, fugazes...
Mas, mesmo assim,
Ainda há flores
Que brotam viçosas
Nos belos jardins
E no meu coração!

Tudo parou!...
Um certo silêncio!...
Uma leve inquietação!...
As noites são longas,
As forças vacilam,
Mas, aqui e ali,
Ainda há vida
Escondida, é certo...
Mas com uma força
Brutal, impiedosa,
Qual vulcão
Ainda dormente,
Mas esperando
Com paciência
Pelo momento certo
Da sua explosão!...

Felizes dos que vivem
As quatro estações
E as podem desfrutar
Rodeados de amigos,
De entes queridos,
Do amor sem limites
Daqueles que vão...
Mas brota outra vez
Nos que vão nascendo
Aparecendo para a vida
Dando-nos amor
Cuidando de nós
Neste fim de vida
Neste Inverno frio
Onde ainda brilha o Sol,
O calor da lareira,
O brilho da neve
Que cai em flocos
Desfazendo-se no chão.

É assim a vida!
Mesmo na velhice
Podemos ainda
Sentir o calor
Do Sol de Inverno
Do amor inequívoco
Dos entes queridos
Que ainda nos dão
Afagos! Carinhos!
Consolo! Abnegação!

E como uma árvore morta
Mas ainda de pé
Oca, esburacada,
Seus ramos vazios
Sem folhas
Sem frutos
Ainda servem de abrigo
Aos animaizitos
Que se abrigam famintos
Das tempestades
Do frio...

E sentem conforto
No abraço amigo
Do tronco vazio
Da mente cansada
Das palavras sem nexo
Mas do sorriso presente
Da lágrima que cai
De alegria!
De emoção!

Tudo se esfuma!
Tudo se apaga!
Mas fica sempre
A recordação
Da avó velhinha
Sentada à lareira
Parecendo já morta
Mas que deu muito amor
Muita atenção
E ficará para sempre
Como o dia que surge
Nos ensinamentos
Nos pequenos nadas
Que fizeram
Uma vida plena
De momentos de sim... De momentos de não...

Calor de Verão


Verão!
Calor! Praia! Sol!
Trabalho...
Um lar...
Filhos.
Canseiras,
Noites mal dormidas
Abnegação...
Angústia...
Loucura...
Paixão!...
Estação do calor
Dos frutos a crescer
Das férias de Verão.

Verão escaldante!
Corpos suados
Cansaço, luta...
Desilusão!...
Tanto trabalho...
Tanta labuta...
Azáfama constante,
Filhos crescendo
Anos de luta
De preocupação.

Onde estás Verão?
Passaste depressa
Entre risos e lágrimas
Árduas tarefas
Férias agradáveis
Cheiro a maresia
A searas ondulantes
Sabor a framboesa
A frutos maduros
A sardinha assada
A festas de S. João!...
Marchas coloridas
Balões no ar
Manjericos,
Fogueiras
Alegrias sem fim
Numa grande ilusão!

Vidas ceifadas
Nesta bela estação...
Luto, angústia
Tristeza, desilusão!...
Sonhos desfeitos
Risos perdidos
Uma nova vida
Nova provação!...

Lutar! Lutar! Lutar!
Lutar até à exaustão!
Vencer o medo
Criar novos estímulos
Para diversão!...
Agora... Os amigos...
Muitos se vão!...
Quem quer viver
Com o sofrimento?!...
A solidão?!...

Ficam os bons
Aqueles que são
Mesmo amigos
Do coração!
Cobrem-nos de mimos
Incentivam-nos
Ajudam-nos
A vencer o medo
O abandono
O triste arrastar
Da desilusão!...

Mais portas se abrem!...
O Sol vai entrando...
Desliza suave
Aquecendo o coração.
Carinhas redondas
Olhitos espreitando
Boquinhas risonhas
Palrando!... Palrando!...

São estrelas no céu
Da noite escura
Do sofrimento...
Brilham
Cintilam
Crescem ofuscantes
Rimos com elas
Passeamos
Brincamos
Voltando a encontrar
A felicidade matreira
Como que a desafiar!...
Anda, vem,
Vive, alegra-te...
Ainda há calor
Ainda há paixão!...
Alegria sem fim
Da vida presente
Da hora que corre
Do amor que brota
Neste coração!...

São crianças lindas,
Felizes, saltitantes,
Que beijam, abraçam
Com convicção
Correm fugidias,
Rolam no chão.
Fazem mil piruetas
Espalham brinquedos
Mimam as bonecas
Saltam velozes
Estatelam-se no chão.

São gotas de orvalho
Passaritos implumes
Brincam descuidadas,
Abrem caminhos neste coração
Que parecia morto
Apagado
Feito em cinzas
Espalhadas no chão...

Levantam-se os fumos
Dissolvem-se no ar
E, num torvelinho
Já vejo de novo
O Sol a brilhar.
Voam os dias
Passam os anos
Aumentam as estrelas!
No céu que era escuro
Já se vê a lua,
Já brilha o luar!...

A noite avança
A aurora espreita
E um novo dia
Começa a brilhar!
Já lá vem o Sol
O céu rosáceo aparece
Espraiando a luz
Que se aproxima
E que vem ajudar-me
De novo a ver o mundo
Com brilho,
Com luz,
Com calor e amor
Que me ajuda a viver
A querer lutar,
A começar de novo
A viver, a rir,
Construindo castelos
Mais fortes
Mais sóbrios
Mas mais resistentes
À vida que surge
E nos atira sem dó,
Sofrimentos amargos,
Perdas sem fim,
Angústia, tristeza,
Mas também muito amor,
Alegrias infindas,
Momentos inesquecíveis,
Amigos sinceros,
Força, vontade
Lutas vorazes
Que sem avisar
Entram em nós,
No nosso coração!...

Com serenidade,
Coração aberto,
Aceito o que a vida
Me vai aprontando...
Esperando com ardor
O que vai surgindo,
Lutando! Lutando!
E com alegria
O que a vida me traz.
Vivendo o momento
Com toda a alma,
Com todo o amor,
Que uma mulher
Sabe dispensar.
E com resignação,
Acolher o bem,
Acolher o mal,
Que surge no ar
Desta vida
Que fomos chamados
A viver! A amar!...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Momentos de Sim, Momentos de Não

Outono da vida!...
Folhas caindo!... Beleza etérea!...
As árvores brilham com os raios de sol saltitando nas húmidas folhas purpúreas, douradas, lindas, resplandecentes!...
Quem diria que são “velhas” e, aos poucos, se misturam na terra, transformando-se em adubo fertilizante dessa terra que as alimentou na Primavera e as fez brotar em rebentos tenros cercados de flores, extasiando os nossos sentidos com a sua frescura, o seu odor, a sua explosão para a vida?!...
É esse Outono que eu vivo e vou espalhando, quais folhas ao vento, o que a experiência de uma vida, muito rica de sensações de toda a espécie, para que, quem as apanhar e, tal como muitos fazem, as meterem num livro, secarem e, quantas vezes lhes darem nova vida, transformando-as em quadros maravilhosos ou outros objectos de adorno que guardam com saudade, mas que representam cada momento importante dessa vida que vivemos.
Uma folha! Uma simples folha!....
Quantas vezes ela serviu de abrigo a inúmeros seres vivos?...
Como nós, nos nossos momentos de alegria, dor, angústia, satisfação, enfim, numa amálgama de acontecimentos e que, em ocasiões fulcrais, também fomos um abrigo para um amigo, um familiar, um filho, um desconhecido, alguém que precisava do nosso consolo e protecção!...
Caem as folhas outonais...
Desprendem-se das árvores,
Esvoaçam,
Rolam,
Formam um tapete
Belo, dourado,
Purpúreo, esverdeado...

Sejam os nossos momentos da vida tal como elas e deixemos desprender-se de nós o que a vida nos ensinou, as nossas experiências (boas ou más) legando-as aos que ficam e necessitam delas tal como a terra das folhas apodrecidas para que as transformem em alimento para aqueles que brotarão na Primavera das suas vidas, tão lindos, tão tenros, mas tão desprovidos de protecção e do saber que só os anos nos dão.

Como é belo o Outono!..
Cor do ouro! Da luz!...
Da autenticidade

É maravilhoso o Outono da vida!
Apesar de já não brotarem infinidades de flores magníficas (as ilusões da juventude), de nos aquecermos nos primeiros raios quentes (a protecção dos nossos pais), o desabrochar da Natureza em beleza esfusiante, os trinados dos pássaros, o canto inconfundível do cuco, o incansável matraquear das cegonhas em seus altos ninhos, a azáfama das avezitas, das abelhas carregadas de néctar...
Apesar de já não termos o viço da juventude, de não darmos as gargalhadas sonoras e inusitadas, de não haver os namoricos, os bailes, as correrias, as descobertas, a beleza do Outono lá continua, dando-nos alento para continuar esta luta infindável pela vida!...

Mas ainda é belo! É o Outono da vida, com a confiança que se adquire, com os seus ensinamentos, com o brilho, não de vitalidade, mas do inebriante sabor de uma vida vivida, da partilha com os outros, do saber ouvir, do saber esperar, do saber sentir e, pacientemente, ver nos nossos netos o rejuvenescimento do quanto já vivemos e do que podemos dar-lhes para os ajudarmos a lidar com os problemas do quotidiano.
A beleza começa a esfumar-se, a agilidade a diminuir, a memória a pregar-nos partidas, mas, em nós, permanece o saber que recolhemos, numa vida plena de acontecimentos bons e maus que forjaram esta coragem que ainda sinto para lutar e, abnegadamente, ir superando os problemas infindáveis deste Outono tão repleto de contratempos, mas tão cheio de alegrias jamais experimentadas e de uma força sobrenatural para viver com qualidade no meio das inúmeras dificuldades surgidas.
São os ventos fortes que abalam, as chuvas fustigantes das lágrimas copiosas do sofrimento, as neblinas que atormentam a nossa mente para discernir o caminho a seguir, as trovoadas assustadoras das provações a que estamos expostos, o frio que gela os nossos corações angustiados, o calor morno do Sol dos belos momentos que ainda conseguimos desfrutar, o cheiro inconfundível das castanhas assadas, do mosto, do vinho novo e de tudo o que ainda podemos sentir de agradável nesta idade em que muitos já desesperam e perdem a vontade de viver.

É lindo o Outono!
Perfumados frutos maduros,
Vinhas repletas de cachos pendentes,
Cheiro a compota,
A uma vida plena de coisas boas!...
De sensações maravilhosas,
Do carinho terno dos netos,
Da autoconfiança adquirida,
Dos amigos que ficam,
Da família que cresce...

A neblina tolda o ar,
Surgem pequenas contrariedades,
Adensam-se as nuvens,
Perda de amigos,
De familiares
Que partem para sempre...
Doenças incuráveis,
Dor!... Solidão!...

Há tempo para as pequenas coisas que sempre desejamos fazer, há tempo para meditar,
há tempo para relaxar, há tempo para viver!...
É uma vida diferente, é certo!... Mas bela e insubstituível, tal como as estações do ano.

Que é da frescura da Primavera?
Do viço fresco das plantas
Do brotar das flores
Em explosões de cor e perfume?
Onde está o alegre chilrear dos pássaros
O canto do cuco
Os ninhos repletos de vida a crescer?


Onde estão as ilusões da juventude?
As gargalhadas frescas,
Os sonhos cor-de-rosa,
Os namoricos?
As festas inocentes,
Os bailaricos,
Os vestidos rodados,
Os soquetes,
As cinturas bem marcadas?
Os sapatinhos rasos,
As golas bordadas,
Os cabelos em tranças,
As caras lavadas
Cheirando a sabonete
E água de rosas?
Os laçarotes,
A agilidade saltitante,
O riso fácil
A utopia da vida feliz?
Ficaram lá longe!...
Há anos atrás...
Como doces lembranças...
Ternas recordações...
Salpicadas aqui e ali
Pela chuva primaveril
Que depressa se esvai!...
No Sol que brilha
Do calor do Verão
Que se aproxima.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Outono da Vida


Folhas douradas
Esvoaçam no ar...
Árvores despidas
Folhas no chão!...
Sonhos desfeitos...
Entes perdidos...
Amigos ausentes...
Experiência! Afirmação!

Folhas da vida
Momentos vividos...
Sonhos alcançados!...
Castelos de areia
Erguidos, resplandecentes,
Calcados, espezinhados,
Apagados no mundo
Da desilusão!...

Sol de Outono!
Morno, suave...
Qual colo de mãe
No sono do entardecer!...
Beijos quentes...
Afagos...
Nostalgia!
Vida vivida
Momentos de sim...
Momentos de não.

Ao Sol poente
Cor! Luz! Último adeus!
A vida que desfolhamos
Em folhas douradas
Espalhadas no chão!...

É vida!
É cor!
É o pôr-do-sol no horizonte!
Esconde-se no céu vermelho
E transforma-se em escuridão...
Breu!...

Mas, a esperança fica,
De um novo dia...
De estrelas no céu...
Do luar suave...
Da Lua que vem
E cobre
A Terra com um manto leve,
Diáfano!...

Surgem as sombras
As dores...
Ouvem-se rumores...
Levanta-se o véu
Da felicidade perdida,
Da vida enlutada
Mas sempre embalada
Na esperança viva
De um novo dia
De uma nova era!...

Casamento

Hoje em dia a palavra casamento assusta os jovens. Preferem juntar “os trapinhos” para ver se dá e, depois, ou se separam com um simples chau, foi bom, curtimos à brava e partem numa boa para curtirem a vida à procura da felicidade.
Mas, que felicidade?
Aquela conseguida apenas pela atracção física, pelo prazer imediato, pela alegria de ter quem lhes segrede ao ouvido a palavra mágica “Amo-te”.
Jovens, parem e meditem um pouco.
Vós estais a ser as vítimas número um dos meios de comunicação.
Ora vos aparecem imagens sem o mínimo de pudor exibindo corpos nus que satisfazem o seu apetite sexual com todos os requintes e posições possíveis, ora vos mostram que o casamento não passa de um fardo que se carrega por toda a vida.
E vós, inexperientes que sois, com toda a força da vossa virilidade e capacidade de reprodução, embarcais nesse “comboio” que vos é mostrado como o modelo para ser feliz.
Pobres e queridos jovens, como eu vos lamento! Mas a culpa não é vossa.
A culpa é de todos os adultos que, na mira de alcançar dinheiro fácil, jogam com as necessidades sexuais do vosso corpo e vos convencem a usá-lo única e simplesmente com essa finalidade “o prazer físico imediato“.
Os vossos pais e demais educadores, embora não concordem, mas para que não sejam chamados de “botas de elástico“, “cotas“ ou outras nomenclaturas que vós hoje usais, tapam os olhos, tentando convencer-se que realmente estão velhos e ultrapassados e deixam-vos seguir em liberdade o vosso rumo sem terem tido a coragem de vos enfrentar e dizer-vos com convicção:
_Estás errado, meu filho, esse não é o caminho da felicidade. Podes gozar muito, conhecer muitos parceiros/as mas, no fim, sentirás um vazio enorme. Chegarás à conclusão que passaste a melhor parte da tua vida a construir uma felicidade falsa, assente na areia e sem hipóteses de se aguentar. Sentirás que o teu corpo foi usado, vilipendiado em busca de uma falsa felicidade.
E, se os pais reflectirem um pouco, sabem que pecaram por omissão, por falta de coragem para gastar tempo com os seus filhos, tentando incutir-lhes o bom-senso e preparando-os para a verdadeira felicidade.
O que vemos hoje?
Avós que têm de se ocupar a tempo inteiro dos seus netos, voltando a ter a responsabilidade de ser pais, porque os seus filhos não foram preparados para o serem ou tiveram a infelicidade de encontrar um parceiro/a que o não foi. São avós angustiados ao verem os seus netos sofrendo com a separação dos pais, serem jogados qual bola de ténis do colo da mãe para o colo do pai. Crianças que perdem as suas referências de FAMÍLIA que é e será sempre o alicerce da sociedade.
Perdoem-me se estou a ser dura demais. Mas, com isto, só quero alertar-vos a todos vós, queridos jovens, de que estais a ser ludibriados por este mundo que vos rodeia e, o que é pior, com o consentimento dos vossos pais e educadores que ora vos incentivam a gozar a juventude, ora tapam os olhos, metendo a cabeça na areia como a cegonha, para se alhearem da sua responsabilidade de EDUCAR.
Atenção, pais e adultos em geral.
Ou assumis com muita coragem a missão que vos foi confiada por Deus ou ireis pagar muito caro o que estais a fazer. Mais cedo ou mais tarde, os vossos filhos ir-vos-ão pedir contas da vossa irresponsabilidade ou do vosso medo de enfrentar este mundo tão perverso.
E, mais uma vez, meus queridos jovens, tende a coragem de enfrentar os vossos amigos e de dizer em alto e bom som:
_Não é essa a felicidade que eu quero para mim e para a família que eu pretendo constituir. Ajudem-me a seguir o caminho certo.
E, então, deixaremos de ver velhinhos chorando com a ausência dos filhos, abandonados tanto física como psicologicamente, atirados para um canto como de uma simples coisa fora de moda que, só não é queimada, porque a lei não permite.
Reparem que as tribos primitivas respeitavam e amavam os seus velhinhos pois, apesar de já não terem força para os trabalhos físicos, têm uma experiência de vida que nos pode e deve ser passada para podermos refrear o ímpeto da juventude.
Não tapemos os olhos, não deixemos correr, mas tenhamos a coragem de clamar:
_Que mundo podre e sem valores morais estamos a deixar aos nossos filhos?
_Que mundo triste, coberto de notas de banco, prazer imediato, ideais corruptos de felicidade, estamos a criar?
Esta crise, que todos estamos a passar, é um sinal de Deus para pensarmos o quão irresponsáveis nós somos.
Semeemos flores e não ervas daninhas pois, estas, rapidamente abafarão o jardim das nossas vidas, tornando-as num monte de lixo nauseabundo onde ninguém quererá viver.
Coragem jovens!...
Coragem adultos!...
Usem a vossa vida, a vossa capacidade de amar para, com muitos sacrifícios, alcançardes a verdadeira felicidade.

2 de Junho de 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Graças a Deus que estamos em crise

Só pode estar doida, quem assim escreve!... _ pensarão a maior parte dos leitores ao deparar-se-lhes este título.
Mas, vou provar-vos que não estou assim tão doida como poderá parecer à primeira vista.
Há anos atrás, escrevi algumas reflexões (poemas, se assim lhe podemos chamar) sobre o que me rodeava e me estava a preocupar. Ofereci-os a alguns amigos que acharam interessantes mas, talvez, um pouco exagerados. Passo a transcrevê-los para que possais meditar um pouco.

Se tivestes a paciência para ler estes “poemas” que eu escrevi há quase cinco anos, com certeza já chegastes à conclusão que as nossas crianças estavam a ter coisas a mais, os adultos (incluindo eu) estavam a comprar coisas absolutamente inúteis, enfim, todos estávamos a cometer erros que iríamos pagar mais cedo ou mais tarde.
Chegamos a 2009 e, a palavra de ordem é “ESTAMOS EM CRISE”.
Todos os dias e a todas as horas, escutamos esta frase que já se torna enfadonha de tão repetida.
E, eu volto a dizer:
GRAÇAS ADEUS, QUE ESTAMOS EM CRISE.

_ Só assim, chegaríamos à conclusão do quão errado era o nosso procedimento
_Só assim, conseguiríamos educar as nossas crianças para que venham a ser os homens honrados e trabalhadores do amanhã.
_ Só assim, iríamos passar o testemunho correcto às gerações vindouras e ajudá-las a continuar a passar valores morais aos seus descendentes.
_ Só assim, ganharíamos coragem para “arregaçar as mangas” e lutar por um mundo melhor.
E... acabo, repetindo-me uma vez mais:
GRAÇAS A DEUS, QUE ESTAMOS EM CRISE.

27/05/2009

Natal

Aproxima-se o Natal!...
Tempo de paz,
Harmonia, recordações,
Partilha, saudade,
Solidão, tristeza,
Ausência, perdão, luzes cintilantes,
Noite escura! Breu!...

Tempo de amor,
Ódio, ansiedade,
Destruição, guerra,
Brinquedos, roupas novas,
Velhos abandonados,
Crianças famintas,
Esplendor, tortura,
Brilho, velas acesas,
Luz, ambição, luxo…
Gastos desnecessários,
Choros de agonia,
Recém-nascidos mamando
Em mamas secas de leite…
Seguros nos braços esqueléticos
De mães esfomeadas…

Crianças rindo,
Papéis multicores,
Presépios, pinheiros cintilantes,
Risos, lágrimas,
Sonhos desfeitos,
Laços, presentes,
Música, gritos!...
Paixão, desalento,
Amor, equilíbrio,
Desilusão!...
Esperança!...
Cheira a canela
Cheira a limão
Crepita o lume
Fervem as panelas
Cheias de batatas
Cheias de bacalhau.
Tocam os sinos!
Olha o arroz-doce!
Aletria, douradas rabanadas…
Mexidos, bolo-rei…

Frio!...Neve!...
Miséria, fome,
Choros, moscas,
Carne putrefacta,
Dor, revolta, farrapos…
Cintilam as luzes…
É Natal!...É Natal!...
Para quem?
Para ti? Para mim?...
Que vivemos em paz,
Ou para aqueles
Que jazem no chão
Envoltos em lama,
Na angústia,
Num “Natal”
Sem nome
Sem coração?...

Que vejo eu, em meu redor?
Paro…
Reconsidero…
E só vejo desilusão,
Desalento, sonhos desfeitos…
Casas destruídas
Montes de escombros
Tectos partidos
Madeira negra
Cheiro a fumo…
A fome…a podridão…
Órfãos sozinhos
Perdidos no mundo da desilusão…
Choros, gemidos,
Desespero, amargura,
Sonhos desfeitos
Buracos de balas
Jardins sem flores
Dor, aflição…

Mas, ali, há luzes
Montras enfeitadas
Brinquedos aos montes
Carros imponentes
Risos de alegria
Pessoas apressadas
Embrulhos, laços,
Chocolates, perfumes,
Lindos presentes!
Há brilho
Há cores
Doces, frutos secos
Peru recheado
Vinhos e licores…

Tocam os sinos!
É NATAL!
Festejemos!
Pois nasceu Jesus em Belém!
(para mais tarde crucificarmos).
Cantemos e rejubilemos
Pois é nado o Filho de Israel!
(para mais tarde chicotearmos,
cuspirmos-Lhe na cara
coroá-Lo de espinhos).

Mas é NATAL!
Cantam os anjos
Cintilam as luzes…
Nasceu o Filho de Maria
(para mais tarde,
Lhe colocarmos uma cruz aos ombros
e, debaixo de insultos
e pancadas,
levá-Lo ao Calvário).
Mas… Não se esqueçam…
É NATAL!

Embrulhemos o nosso rancor,
A nossa indiferença,
Os nossos defeitos
Com o lindo papel natalício
E, alegremo-nos,
Porque,
Apesar de tudo,
É Natal!...

15/11/2004
Maria Carolina da Silva Cardoso e Sá
(Zinha)

Mundo cão

Rostos de crianças
Belas, ladinas
De olhos brilhantes
De faces rosadas
Sorrisos abertos
Graciosas… lindas!
Corações palpitantes
De tanta alegria
De tanta pureza!
Cabelos ao vento
Caracóis desfeitos
Saltam, brincam,
Pulam, riem,
Vivem a vida
Com todo o vigor
E, sem mesmo saberem,
Constroem um mundo
De carinho e amor.

Crianças felizes
Com pais coerentes
Abraçam e beijam
Brincam inocentes.
Que lindas crianças
De todas as cores!
Unem as mãos,
Bailam,
Saltitam,
Saem correndo
Jogando à bola,
À macaca, ao pião.
Saltam à corda
Pincham sem parar
Sobem aos móveis
Rodopiam no ar.

Mesmo quando há fome
Ou míngua de leite
Ainda saltitam
Cantam de roda
Riem e saltam
Como se fossem
Felizes para sempre.
O carinho da mãe
O amor do pai
É o bastante
Para mitigar a fome
Do pão, do leite…
Seus corpos franzinos
Seus rostos sujitos
Suas mãos vazias
Buscam no lixo
Um naco de pão,
Um resto de fruta,
Ou, quem sabe?!...
Algum brinquedo
Perdido no entulho
Para distrair
A fome pungente…
Do estômago vazio…

Há tanta criança, tanta!...
Sozinha no Mundo
Nua, descalça,
Sem pão, sem berço,
Com olhos tão lindos
Mas baços de lágrimas,
De apatia, tristeza,
Vítimas da guerra
Deste “Mundo Cão”
Que destrói
Espezinha
Sem dó, sem amor,
Sem um pingo de fé
Sem nenhuma razão…
Apenas pensando
No lucro que dá
O negócio das armas
O valor do petróleo
Da droga, de tudo
O que a ambição
Consegue abarcar…
Sem nunca pensar
Na fome, na dor,
Das pobres crianças
Que querem viver
Felizes e risonhas
Neste Mundo Cão”

E, se fosse só isso!...
Que diremos então
Daquelas crianças
Que jazem no chão
Mortas, estropiadas…
Vilmente tratadas
Tirando-lhes os pais
A alegria, o pão…
Como pode haver
Tanta maldade
Neste “Mundo Cão”?

Mas…
Sorte a minha!...Ainda vejo crianças
Que riem, que saltam,
Felizes,
De barriguinha cheia
Com cores rosadas
Cabelos brilhantes
Roupas quentinhas
Cheias de conforto
Cobertas de mimos
Brinquedos aos montes
Espalhados no chão!
Será que é verdade
Que ainda há crianças
Tão maltratadas
Sem roupa, sem casa,
Neste “Mundo Cão”?!...

Ah! Não!
Não pode ser que haja crianças
A quem tudo é negado.
O amor dos pais,
A sopinha quente
As roupas bonitas
Os laços, as rendas,
Ursinhos e jogos
Não!... Isso não!...
Deve ser fantasia
Da televisão!..
Ou, então…
É verdade!
E sem o sabermos
Ou querer aceitar
Nós vivemos mesmo,
Neste Mundo Cão”.

19/11/2004

Ser criança, hoje...

Bebés tão fofinhos
Rostinhos rosados
Olhitos brilhando!
Mãozinhas de cera
Perninhas gorduchas
Sapatinhos de lã
Casacos quentinhos
Fofos, macios
Com lindos bonecos
Com fitas e laços
Assim vão crescendo…
Assim vão andando…

Há festas, há risos,
Prendas, alegria,
Crianças brincando
Correndo, saltando,
Plenas de vida
Cobertas de luz
Cabelos brilhando
As bocas vermelhas
As mãos plenas
De bons chocolates
Brinquedos caríssimos
Jogos,
Ursos de peluche,
Barbies, chorões,
Caminhas, carrinhos,
Mobílias pequenas,
Casas completas
Pr’as suas bonecas
Bolas de colecção,
Carrinhos, comboios
Que andam, recuam,
Fazem mil piruetas,
Palhaços, bailarinas,
Livros,
Bicicletas!...

Tanto brinquedo!...
Tanta fartura!
Para tão pouca criança!
Tudo é pago
A preços malucos
Tudo é dado
Para compensar
O amor e carinho
Que os pais ocupados
Não lhes podem dar.
Do tempo partilhado
Da vida vivida
Das histórias contadas
Na hora do sono
Já não é a mãe
Já não é o pai…
Há uma caixinha
Com muitos bonecos
Com lindas histórias
A televisão!...

É magia, é sonho…
Mas fria e distante
Não tem beijos quentes
Mãos carinhosas
Para aconchegar a roupa
Para consolar
Afastar o papão.
Mas, ela está lá…
E a criança agora
Já não tem os carinhos
Os contos, os mimos,
Da criança de outrora.

Maria Carolina da Silva Cardoso e Sá
(Zinha)
20/11/2004

sábado, 30 de maio de 2009

Manter a esperança em tempo de crise

Meu Deus, como é difícil manter a esperança com a crise que se está a passar!
Quantas pessoas desempregadas, quantas famílias com necessidades extremas, quantas crianças sofrendo, quantos jovens buscando o primeiro emprego e nada encontrando!...
Eu sei o quanto é difícil manter um sorriso quando o coração chora, dar uma palavra de conforto quando somos nós que precisamos dela, animar os outros quando nós próprios precisamos de consolo!...
É duro chegar ao fim do dia sem um cêntimo para mitigar a fome dos filhos, vermo-nos despojados das nossas casas, dos nossos haveres conseguidos com tanto esforço, tanto trabalho, tanto sacrifício!...
Mas, meditemos...
Ainda há pouco tempo víamos com mágoa as crianças deitando fora pães quase inteiros e bem recheados de fiambre, doce ou outras guloseimas, frutas boas embora ligeiramente pisadas no lixo, brinquedos novos abandonados, enfim, um sem número de exageros.
Adultos gastando quantias fabulosas em automóveis de luxo, casas bem apetrechadas, roupas caríssimas e um número astronómico de coisas supérfluas.
Todos nós carregamos mais ou menos essa culpa de termos gasto dinheiro em coisas desnecessárias. Ora, isto não seria bom para nenhum de nós.
Nossos filhos seriam criados com mimos inusitados ficando para sempre habituados a que tudo viesse ter com eles sem qualquer esforço da sua parte. Será que isso os iria tornar felizes?
Não nos deixemos abater pela crise, mas unamos esforços para juntos cultivarmos o amor ao próximo do qual iremos colher as mais belas flores pois, este jardim que Deus gratuitamente colocou nas nossas mãos estava tão abandonado, tão triste e isolado que rapidamente iríamos pagar bem caro o nosso desleixo.
As nossas crianças já quase não tinham pais pois, a primeira necessidade era trazer muito dinheiro para casa para que nada faltasse em termos de conforto.
Os velhinhos eram postos em lares ou definitivamente abandonados pois ninguém tinha tempo para eles.
Cada um vivia egoistamente para o seu bem-estar e a “felicidade” fácil.
No entanto, nunca se viram tantos divórcios, tantas crianças praticamente abandonadas, tanto egoísmo, tanto desinteresse por aqueles que sofrem.
Encaremos esta crise como uma lição de vida. Ajudemo-nos uns aos outros criando laços de amor que darão novamente perfume ao nosso jardim; habituemos-nos novamente a partilhar a alegria de ajudar e, estou certa, que sairemos desta crise mais unidos, mais fortes e, acima de tudo, a apreciarmos a verdadeira felicidade que existe mais no dar que no receber. Cultivemos este jardim do AMOR, arranquemos as ervas daninhas do egoísmo, da luxúria, do prazer imediato sem olhar a consequências, da vida fútil e sem sentido a que nos estávamos habituando e encaremos estes tempos difíceis com a coragem suficiente para conseguirmos sair mais enriquecidos, mais amigos, mais solidários e com o coração mais aberto para darmos o consolo que precisávamos, partilhando o pouco que temos com os que nada têm e aí, sim, sentir-nos-emos felizes por termos extraído tudo aquilo que estava a deteriorar todos os valores morais e toda a estrutura da família.
Não esqueçamos nunca que Deus é Pai e jamais nos abandonará.
Conservemos a fé e a esperança em dias melhores e juntos venceremos todos os obstáculos que se deparem neste caminho que é a nossa existência.

CORAGEM e FELICIDADES.

Maria Carolina da Silva Cardoso e Sá
24 de Maio de 2009