sábado, 13 de agosto de 2011

Deixa-me Rir

Deixa-me rir

Daquele que passa

Empertigado

Tão cheio de graça

Pensando que os outros

O vão adorar.


Deixa-me rir

Deste mundo infame

Carunchoso e podre

Prestes a ruir

E daqueles que pensam

Ter o poder nas mãos

Mas ocos, vazios,

Numa angústia atroz

Se passeiam ufanos

Espalhando a dor

Destruindo famílias

Desprezando os velhos

Semeando desgraça

Fomentando rancor.


E, nesta vida,

De ilusão constante

Vou rir,

Para não chorar

De tanta farsa

Tanta hipocrisia

Tantos corações

Prenhes de riqueza

Vazios de alegria

Passeando ufanos

Querendo mostrar

Tesouros acumulados

Mas sem nada,

Mesmo nada,

Para partilhar.


Maria Sá

7/7/2011


Ver video de declamação do poema no Sarau de Poesia


Meus Castelos de Areia...

Meus castelos de areia construí

Neles, fui princesa...

Deles, fui escrava...

Sonhei!...

Criei histórias deslumbrantes!

Mas... Que é deles?!...

Ruíram...

Pouco sobrou!...

Apenas lembranças...


Onde estão os meus sonhos?!

Onde ficou todo o carinho,

Todo o amor,

Toda a ternura,

Que neles depositei?!

Onde pairam as flores que plantei?!

O céu azul que eu pintei?!

Foram-se!...

Desfizeram-se!...

Só restam recordações!...

Nada mais!...


Eram lindos os meus castelos!

Oh! Como eram lindos!

Mas...

Só restam escombros!...

Só resta a saudade!...

E... uma forte vontade

De os refazer.

Mas... não de areia...

De pedra e cal

Para durarem

E ainda trazerem

Alegria e paz

A este coração cansado

De tanto dar

E pouco ou nada receber.


Maria Carolina Sá

15/06/2007

Sarau de Poesia


No passado dia 11 de Agosto, no Diana Bar, Biblioteca de Praia, decorreu o Sarau de Poesia organizado pelo grupo de POETAS POVEIROS e amigos da Póvoa, do qual Maria Carolina Sá faz parte. Este Sarau de Poesia inseriu-se no programa da Feira do Livro da Póvoa de Varzim.

Maria Carolina Sá declamou os seus poemas:
O Sarau de Poesia decorreu em espírito de grande harmonia, com a sala completamente cheia das 21:30h até depois da meia-noite.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O céu do meu penar

Quando a noite cai

As trevas me envolvem

O silêncio se torna insuportável

As lágrimas rolam

As forças se esvaem

E tudo se torna negro e frio…


Pego em tintas e pincel

Pinto estrelas no céu

Desenho uma lua redonda

E, na janela do meu ser,

Começa de novo a surgir

O meu sorriso dormente

E o luar a inundar

As trevas do meu olhar


Suavizando docemente

Esta agonia latente

Que me vem atormentar.


E, nessa noite sem fim,

Em que me sinto a agonizar

Surge a madrugada airosa

Pintando de cor-de-rosa

Esse céu do meu penar.


E de novo canto e rio

Dançando no firmamento

Que era negro e sombrio

Mas que o luar iluminou

E o Sol, com o seu poder,

Conseguiu desvanecer.


Maria Sá

4/8/2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Muito obrigada, meu Deus

A Ti, que por mim zelas,

Eu quero agradecer

Toda a vida que me deste

Todas as gargalhadas que eu dei

Todas as lágrimas que chorei

Todos os momentos que vivi

Todos com quantos me cruzei

E com eles aprendi

Pela família onde nasci

Pela educação que me deram

Pelo muito que sofri

Pelas sementes que semeei

Pelas pessoas que encontrei

Por todas as que me ajudaram

Por aquelas que me invejaram

Por todas as que me maltrataram

Um obrigada Te dou.


E, como sempre acreditei,

Na tua poderosa afeição

Com muita humildade aceitei

E com muita resignação

Todos os momentos da vida

Que me permitiste viver

E com eles aprender

A ser a mulher que hoje sou.


E, com toda a gratidão,

Desta vida tão plena

De alegria

Dores

Sentimentos e emoções

Momentos de euforia

E de sofrimento atroz

Me ajoelho a Teus pés

E grito a plenos pulmões

Muito obrigada, ó Meu Deus.


Maria Sá

1/8/2011

Neblinas matinais

Acordo!...

O mar calmo e imenso

De um cinza prateado

Envolto em neblina

Espera por mim.


Ao longe, nos rochedos,

Descansam as gaivotas

Salpicando a penedia

Envolta em branca espuma

Destas ondas caprichosas

Que brincam em cabriolas

Por entre as rochas escuras

Qual criança inocente

Mas bastante irreverente.


Pouco a pouco

O Sol brilha

Rompendo com o seu calor

A densa bruma cinzenta

Que mantinha este mar

Num sono acolhedor

Como que a chamá-lo baixinho:

São horas de acordar…

Abre os olhos de mansinho

E se vai espreguiçando

Neste imenso areal…


E com ternura e carinho

Vem beijar a bem amada

A linda areia dourada

E o Sol, com o seu calor

Vem despertar o amor

Dos amantes enlaçados.


Maria Sá

1/8/2011

O feitiço da Póvoa

Será o teu mar imenso

O anilado do teu céu

As gaivotas a voar

O teu cheiro a maresia

O pescado fresco a saltar

As varinas a apregoar

Que sempre me encantaram

E me fizeram cá voltar?


Será este areal sem fim

O nevoeiro matinal

Este mar que ora é lago

Ora é fera indomável

Que em espuma se desfaz

Galgando o imenso areal

O vento Norte impiedoso

Que quase me faz tombar

Me irrita e me atrai

E sempre me faz voltar?


Diz-me, Póvoa,

Que feitiço tu escondes

Que ora amo, ora odeio,

Que com a tua doçura

E com o lindo pôr-do-sol

Me atrai e me seduz

Para eu sempre cá voltar

Para eu viver da tua luz

Da beleza do teu mar

E a felicidade encontrar?


É esta paixão que sinto

Por esta terra de extremos

Onde me deixo embalar

Qual barco a navegar

Ou, que em dias de tormenta,

Me obriga a enfrentar

Com coragem e ousadia

Esta vida de emoção

Esta luta do dia a dia.


Maria Sá

1/8/2011