quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A FLEXIBILIDADE DO BAMBU

Nos tempos que correm, esquecemo-nos frequentemente que somos uns meros membros da Natureza.

Tenhamos a flexibilidade do bambu e o seu bom senso para nos agruparmos, criando elos indestrutíveis e que, só em caso de violentas tempestades nos poderão arrancar.

O bambu é frágil, mas extremamente maleável. Curva-se em reverência quando os ventos sopram fortes e apoia-se suavemente no colo dos seus irmãos para, em conjunto, resistir às tempestades.

Criemos famílias sólidas, com elos de amor e, veremos os débeis “bambus” que nós somos, a resistir inabalavelmente às situações mais críticas e desconfortáveis que a vida nos proporciona.

Juntemos também os bons amigos, aqueles que estão connosco (quer nas horas boas, quer nas más) e plantemos nos jardins das nossas vidas, “os bambus” que nós iremos proteger pela vida fora e que também nos protegerão quando essa ajuda solicitarmos.

Na nossa prepotência de homens modernos, pensamos que, com a ciência, tudo podemos fazer.

Mas, a Mãe Natureza, com todo o seu amor mas com a mão firme de uma verdadeira mãe, lembra-nos, atempadamente, que nos pode destruir se não a respeitarmos. Cada vez são mais frequentes os desastres ecológicos, a irreverência dos cataclismos climáticos, a destruição total ou parcial de cidades inteiras em que “Ela” nos mostra o seu pulso de ferro.

Seguidamente e, como qualquer mãe que se preza, vem acalentar-nos com o calor morno do sol, a beleza do céu azul, a suavidade das suas águas correntes e o perfume das suas flores.

E que fazemos nós, pobres e irresponsáveis mortais?

Ao contrário de aprendermos com os nossos erros, vamos uma vez mais, desesperar a sua infinita e maternal indulgência, passando por cima de tudo e de todos, para satisfazermos insaciavelmente o nosso egoísmo, a nossa sede de ambição e tirania.

Mas… a paciência tem limites e, não será de admirar que, num futuro não muito longínquo, ela chegue à conclusão que não somos dignos do seu afecto, do seu respeito e, muito menos do seu amor inesgotável que tão gratuitamente nos oferece.

Habituemo-nos a meditar uns minutos por dia nesta verdade que tentamos ignorar e, tenho a certeza que a felicidade que todos buscam sem cessar, passará a fazer parte do nosso dia a dia, tornando tudo mais harmonioso e duma beleza sem par.

9/10/2010

Maria Sá

Antes e... Depois

Sempre fui fascinada por decoração. Acho lindo darmos “alma” ao nosso lar, nem que seja uma simples barraca.

Na SIC MULHER há um programa fabuloso “Querido, mudei a casa” onde se fazem maravilhas com a decoração. E, o programa, acaba com antes e depois.

Creio que os fãs deste programa ficam encantados com o resultado final.

No entanto, ponho-me a pensar se estamos a fazer o mesmo com a nossa vida.

O Homem, através dos tempos, sempre tem tentado evoluir e fazer com que o “depois” seja sempre muito melhor que o “antes”.

Agora, neste momento, em que já me encontro no Outono da vida, reparo, com amargura, que o “depois” está a ser mil vezes pior que o “antes”.

Se a paciência não vos falta, meditem comigo:

“Antes”: as crianças e os jovens eram educados a respeitar os mais velhos, a terem comportamento exemplar quer na rua, quer no aconchego do lar.

“Depois”: A grande maioria das crianças não têm qualquer respeito pelos pais e, muito menos pelos avós, pelos vizinhos, pelos professores, enfim, por nada nem por ninguém.

“Antes”: Os jovens estudantes eram preocupados com o seu vocabulário, raramente se ouvia um rapaz a dizer um palavrão junto das meninas e, as raparigas do meu tempo, tinham um comportamento recatado e um vocabulário cuidadosamente elaborado.

“Depois”: Os grupos de jovens já não sabem exprimir-se sem os ditos palavrões e, as meninas, fazem jus ao seu pobre vocabulário e, acham até, que seria um contra-senso não aplicar essas palavras hediondas, pois não seriam as futuras mulheres independentes e com todos os direitos inerentes ao século XXI.

Que tristeza!...

Que aberração!...

“Antes”: os homens adultos coibiam-se de aplicar certos termos em frente de uma senhora.

“Depois”: eles usam os termos mais sórdidos para se exprimirem e perderam o encanto de serem corteses junto das suas mulheres. Bem, devo confessar que não é de admirar, pois elas, na sua modernidade, são incapazes de respeitar os seus companheiros.

“Antes”: as meninas eram ensinadas desde pequeninas a costurar, a cozinhar, limpar a casa, bordar e muitas outras coisas que iriam contribuir, mais tarde, para o bom funcionamento do lar.

”Depois”: as miúdas já não sabem pegar numa agulha, cozinhar também não é preciso pois vai-se ao take-away, limpar a casa, só se não houver quem o faça, pois, as mães, passaram de educadoras a empregadas dos filhos. E bordar?! O que é isso? Uma coisa dos outros tempos e que seria absolutamente ridícula nesta sociedade do século XXI.

Poderia ficar aqui a dissertar por horas a fio mas, creio que estes poucos e simples exemplos, já sejam suficientemente esclarecedores sobre a sociedade que estamos a construir.

Os nossos antepassados esforçaram-se por nos passarem os seus valores morais. E, que fazemos nós?

Abdicamos do nosso dever de educadores, passando para os meios áudio visuais essa missão ou convencemo-nos que, na escola, eles aprenderão tudo. Não sem lembram, porém, que os professores têm um programa para dar e dele não faz parte a boa educação. No entanto, honra seja feita aos professores que ainda conseguem despender do seu tempo para conseguirem transmitir aos seus alunos alguns comportamentos básicos da boa educação.

Lamentavelmente depressa são esquecidos ou, pior ainda, vêem os encarregados de educação tirar satisfações com o professor, pois está a insinuar que eles não sabem educar.

Enfim…é este”depois” que estamos a ter e que me faz ficar apreensiva em relação aos meus netos que, graças a Deus, ainda vão tendo um comportamento bastante satisfatório. Mas, que companheiros irão encontrar no futuro para formarem os seus lares? Ou qual vai ser o nível de educação deles quando se embrenharem numa universidade e deixem de ter a atenção dos pais?

Sabemos, por experiência, que se pusermos uma maçã podre à beira das sãs, em poucos dias todas estarão podres. Será isso que irá acontecer aos meus netos e aos netos de todos os avós deste país?!...

Triste realidade!...

Antes…

Depois…

Esperemos que, tal como no “Querido, mudei a casa” o “depois” seja bem mais belo que o “antes” pois, caso contrário, a sociedade vindoura odiará os educadores que tiveram e não os souberam preparar para a vida.

Maria Sá

Sonhos

A vida é feita de sonhos.

No caminho que calcorreamos diariamente, vamos idealizando aquilo que gostaríamos de ser ou ter, enfim, um sem número de sonhos com que vamos alimentando a nossa existência.

Lutamos, trabalhamos, esforçamo-nos ao máximo para podermos concretizar e, muitos outros, são destruídos pouco depois de alcançados.

Apesar disso, há em nós uma necessidade de irmos acreditando nos nossos sonhos, embora a maior parte deles ser um verdadeiro fracasso nas nossas vidas; ora porque nunca os conseguimos realizar, ora se esvaem por entre os dedos como os grãos de areia.

Esta caminhada da vida é feita de tudo isto: entusiasmo, alegria, coragem, desilusão, abnegação, fracasso, realização mas, acima de tudo, muita coragem e perseverança e, acreditando sempre, que Deus, Nosso Pai, jamais nos abandonará e, com esta confiança, seremos capazes de enfrentar os problemas com a certeza de que tudo conseguiremos e, apesar dos imensos senãos, ainda estaremos prontos para continuar sempre a lutar pelos nossos ideais.

Sonhar…sempre.

Desistir…nunca.

29/05/2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

São portas…

Abrem-se portas,

Mas logo se fecham.

Quero luz,

Quero sol,

Alegria!...

Escuto, observo…

Sinto o cheiro do ar…

Silêncio…Breu…

Cheira a mofo…

Caminho,

Tropeço,

Caio,

Rasgo a pele.

Levanto-me,

Sigo em frente…

Oiço o murmúrio das águas,

Sinto o cheiro a fresco;

Baixo-me, tacteio e sinto

A frescura da água corrente.


Limpo as feridas,

Lavo meu rosto

Sujo de pó e sangue

De lágrimas de dor.

Prossigo…

Há réstias de luz

Além!...

Ouço o esvoaçar dos morcegos

Arrepio-me…

Respiro fundo…

Descontraio…

Já ouço o trinado dos pássaros!...

A luz penetra a medo

Pelas frestas.

Estou mais confiante;

Avanço!...

E…no limiar deste túnel escuro,

Já vejo o Sol a brilhar,

Os pássaros a chilrear,

A relva verde!...


Nova porta se abre!...

Vou aproveitar

E viver mais um momento

De alegria, felicidade.

Ou, de novo fracasso?!...

De nova desilusão?!...

Não sei, mas quero viver,

Amar, rir,

E, se necessário for,

Continuar a sofrer…

10/06/2010

Maria Carolina Sá

quarta-feira, 5 de maio de 2010

São marcas do tempo…

Abre-se a rosa…

Expõe suas pétalas,

Exala seu perfume,

Como é linda!

Magnífica!...

É beleza, é frescura!...

É símbolo de amor, de Primavera!...

Mas…

As pétalas caem

Murchas, amarelas!...

São pisadas, esmagadas!…

São marcas do tempo!…

Tic…Tac…Tic…Tac…

O relógio não pára…

Tic…Tac…Tic…Tac…

O sorriso esmorece;

As ilusões foram-se;

Uma ruga aparece…

Tic…Tac…Tic…Tac…

São marcas do tempo!...

Páginas vividas,

Sonhos desfeitos,

Amigos ausentes…

Solidão… Angústia… Frustração…

São marcas do tempo!...

A saudade instala-se…

Tic…Tac…Tic…Tac…

O Sol aparece,

As nuvens diluem-se,

A esperança renasce…

Neste Outono sombrio

Ainda há vida…

Ainda há calor…

Ainda se vibra

No meio da dor!...

São marcas do tempo

Em todo o seu fulgor!..

O Sol brilhou,

A chuva caiu,

A tempestade passou…

E, nestes olhos cansados

Nova luz surgiu…

A esperança voltou.

São marcas do tempo!...

Tic…Tac…Tic…Tac…

Mesmo assim quero sorrir!...

Mesmo assim, quero sorrir!


Quando a noite vem,

As trevas me envolvem,

O meu coração grita

E a dor me destrói!...


Mesmo assim, quero sorrir!...


Quando as lágrimas

Me rolam na face,

Os suspiros me abafam,

E a tristeza me corrói…


Mesmo assim, quero sorrir!...


A vida, é maravilhosa!...

Após a tempestade,

Brilhará o sol!...

E, as lágrimas que corriam,

Serão como brilhantes lapidados

Num coração que chora

Mas num rosto que sabe sorrir.

Abnegação

Já várias vezes nos detivemos a meditar sobre a vida.

Ela nos surpreende todos os dias. Só precisamos estar atentos ao que se passa ao nosso redor para depararmos com algo de novo, algo que nos alegra ou entristece, pequenos nadas que ainda nos fazem acreditar que é bom viver.

Mas, quando o desânimo bate à porta e nos sentimos inadaptados a este mundo continuamente em mutação, aí há que apelar para o nosso espírito de abnegação, a nossa coragem e enchermo-nos de uma força sobrenatural para continuarmos a lutar contra os infortúnios que não param de nos assediar.

Se nos revoltarmos, a vida tornar-se-á um inferno quer para nós próprios, quer para aqueles que connosco coabitam.

Começarão as idas assíduas ao psicólogo ou ao psiquiatra, encharcar-nos-emos de medicamentos que nos darão um bem-estar ilusório e passaremos a viver alheados da beleza que nos rodeia. Tudo passará a ser cinzento ou negro, tudo deixará de ter interesse, tudo será de uma monotonia infindável.

As lágrimas cobrirão o nosso rosto, o andar tornar-se-á hesitante, as lindas cores da felicidade desvanecer-se-ão e tudo nos parecerá insípido e vulgar.

Passaremos a detestar esta passagem pelo mundo, maldizendo o dia em que nascemos e tornando-nos um fardo para quem connosco se cruza.

Todos se afastarão de nós pois, tal como a água estagnada e nauseabunda, também nós, passaremos a ser pessoas a evitar.

Assim como o rio corre para o mar atravessando vales e desfiladeiros, ora espraiando-se preguiçosamente nas planícies, ora despenhando-se abruptamente de penhasco em penhasco e, sem nunca desistir, chega ao mar, para nele se fundir e descansar, assim nós devemos enfrentar todas as dificuldades, contornando obstáculos que nos pareciam intransponíveis para em breve nos deliciarmos na alegria de viver ou, quando a nossa hora chegar, fundirmo-nos suavemente nesse mar desconhecido e que tanto nos amedronta mas que, creio eu, nos dará o descanso de uma vida intensamente vivida.