quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Antes e... Depois

Sempre fui fascinada por decoração. Acho lindo darmos “alma” ao nosso lar, nem que seja uma simples barraca.

Na SIC MULHER há um programa fabuloso “Querido, mudei a casa” onde se fazem maravilhas com a decoração. E, o programa, acaba com antes e depois.

Creio que os fãs deste programa ficam encantados com o resultado final.

No entanto, ponho-me a pensar se estamos a fazer o mesmo com a nossa vida.

O Homem, através dos tempos, sempre tem tentado evoluir e fazer com que o “depois” seja sempre muito melhor que o “antes”.

Agora, neste momento, em que já me encontro no Outono da vida, reparo, com amargura, que o “depois” está a ser mil vezes pior que o “antes”.

Se a paciência não vos falta, meditem comigo:

“Antes”: as crianças e os jovens eram educados a respeitar os mais velhos, a terem comportamento exemplar quer na rua, quer no aconchego do lar.

“Depois”: A grande maioria das crianças não têm qualquer respeito pelos pais e, muito menos pelos avós, pelos vizinhos, pelos professores, enfim, por nada nem por ninguém.

“Antes”: Os jovens estudantes eram preocupados com o seu vocabulário, raramente se ouvia um rapaz a dizer um palavrão junto das meninas e, as raparigas do meu tempo, tinham um comportamento recatado e um vocabulário cuidadosamente elaborado.

“Depois”: Os grupos de jovens já não sabem exprimir-se sem os ditos palavrões e, as meninas, fazem jus ao seu pobre vocabulário e, acham até, que seria um contra-senso não aplicar essas palavras hediondas, pois não seriam as futuras mulheres independentes e com todos os direitos inerentes ao século XXI.

Que tristeza!...

Que aberração!...

“Antes”: os homens adultos coibiam-se de aplicar certos termos em frente de uma senhora.

“Depois”: eles usam os termos mais sórdidos para se exprimirem e perderam o encanto de serem corteses junto das suas mulheres. Bem, devo confessar que não é de admirar, pois elas, na sua modernidade, são incapazes de respeitar os seus companheiros.

“Antes”: as meninas eram ensinadas desde pequeninas a costurar, a cozinhar, limpar a casa, bordar e muitas outras coisas que iriam contribuir, mais tarde, para o bom funcionamento do lar.

”Depois”: as miúdas já não sabem pegar numa agulha, cozinhar também não é preciso pois vai-se ao take-away, limpar a casa, só se não houver quem o faça, pois, as mães, passaram de educadoras a empregadas dos filhos. E bordar?! O que é isso? Uma coisa dos outros tempos e que seria absolutamente ridícula nesta sociedade do século XXI.

Poderia ficar aqui a dissertar por horas a fio mas, creio que estes poucos e simples exemplos, já sejam suficientemente esclarecedores sobre a sociedade que estamos a construir.

Os nossos antepassados esforçaram-se por nos passarem os seus valores morais. E, que fazemos nós?

Abdicamos do nosso dever de educadores, passando para os meios áudio visuais essa missão ou convencemo-nos que, na escola, eles aprenderão tudo. Não sem lembram, porém, que os professores têm um programa para dar e dele não faz parte a boa educação. No entanto, honra seja feita aos professores que ainda conseguem despender do seu tempo para conseguirem transmitir aos seus alunos alguns comportamentos básicos da boa educação.

Lamentavelmente depressa são esquecidos ou, pior ainda, vêem os encarregados de educação tirar satisfações com o professor, pois está a insinuar que eles não sabem educar.

Enfim…é este”depois” que estamos a ter e que me faz ficar apreensiva em relação aos meus netos que, graças a Deus, ainda vão tendo um comportamento bastante satisfatório. Mas, que companheiros irão encontrar no futuro para formarem os seus lares? Ou qual vai ser o nível de educação deles quando se embrenharem numa universidade e deixem de ter a atenção dos pais?

Sabemos, por experiência, que se pusermos uma maçã podre à beira das sãs, em poucos dias todas estarão podres. Será isso que irá acontecer aos meus netos e aos netos de todos os avós deste país?!...

Triste realidade!...

Antes…

Depois…

Esperemos que, tal como no “Querido, mudei a casa” o “depois” seja bem mais belo que o “antes” pois, caso contrário, a sociedade vindoura odiará os educadores que tiveram e não os souberam preparar para a vida.

Maria Sá

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