sábado, 13 de junho de 2009

Viuvez

Ainda ontem estavas aqui ao meu lado...
Caminhávamos juntos, trocávamos ideias, fazíamos planos...
Ríamos e chorávamos juntos há tantos anos!...
Como foi que partiste?...
Nem tu nem eu nos apercebemos que “ela” espreitava impiedosa a nossa felicidade e, de uma maneira subtil e ardilosa, te levava para sempre!...
Estou só, desamparada, sinto-me sucumbir!...
Queria ter ido contigo, mas... não... eu estou aqui sozinha, perdida, destroçada, sem saber o que fazer!...
Choro, grito, desespero-me, quero-te aqui. Como vou viver sem o teu ombro amigo, o teu carinho?!...
Não sei!...
Sinto-me soçobrar, queria desaparecer, fugir, procurar-te em qualquer lado!...
Mas, ó meu Deus, isso não é possível e tenho de ganhar coragem, enfrentar a vida, ajudar os nossos filhos, vê-los crescer, ensiná-los a ser felizes, fortes e unidos para que a vida lhes seja mais fácil.
Tu foste, partiste... mas sei que estarás sempre connosco pois, o tempo que caminhámos juntos, ensinaste-me os teus valores e eu hei-de ser forte e corajosa para os transmitir aos nossos filhos, aos amigos que partilhámos e àqueles que irão aparecendo na minha vida e me ajudarão a vencer.
Eu sei o quanto tu gostavas de me ver sorrir, de ouvir as minhas gargalhadas, de seres feliz com as minhas vitórias, com o meu sucesso.
Não te vou desiludir, prometo. Vou vestir “uma couraça de protecção”, guardar na minha mente o teu saber e, “juntos” sei que vou vencer.
Sei que estarás sempre comigo embora eu não te veja, não te possa tocar...
Mas, tudo o que vivemos servirá como lema daquilo que planeámos e, se Deus quiser, vou conseguir acabar sozinha aquilo que começámos juntos e lá, onde tu estás, ainda te sentirás orgulhoso de mim.

Esta é a carta que eu gostaria de escrever ao meu falecido marido, que a morte levou tão cedo e que foi para mim o companheiro ideal em todos os aspectos da minha vida. Escrevi esta missiva volvidos 15 anos após o seu falecimento, pois era tudo quanto sentia quando, repentinamente, me vi privada da sua presença.
Que todas aquelas, que perderam o seu companheiro tão violentamente quanto eu, encontrem, nas minhas palavras, algum conforto e coragem para continuarem a vida sozinhas e com alegria.

Maria Carolina Sá
2009-06-12

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