_ Mãe! Mãe!_ grita a pequena Joana.
A mãe acorre aflita pois aquele grito é de dor, de aflição. Pega na Joaninha, limpa-lhe o joelho ferido, fala-lhe com carinho enquanto vai buscar o desinfectante e, explicando-lhe que vai arder um bocadinho, faz-lhe o tratamento. Por fim, dá-lhe uma beijoca na face rechonchuda e cheia de ânimo, diz-lhe:
_ Pronto, Joana. Já estás outra vez nova para brincar. Vai, que isso já passa.
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A Joaninha cresceu, tornou-se mulher.
Sente-se só, triste, desamparada. Já não é a Joaninha rechonchuda. O seu corpo vai ganhando forma e ela acha que já não deve chamar a mãe. Está alta, esguia, o seu corpo sofre transformações que nem ela própria compreende.
_ Já sou mais alta que a minha mãe?!
Aquela cabecita efervescente é como um vulcão prestes a explodir. Vai para junto do espelho e há que experimentar todas as maquilhagens, todos os penteados e, quando a mãe vem e lhe diz que exagerou no baton, ela vira as costas e, indignada, grita:
_ Deixa-me em paz! Ufa!
E, de amores e desamores a vida vai-se desenrolando...
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Joana cresceu e já vai casar. O primeiro filho aparece e a mãe tenta ajudar...
Joana cansa-se. Já está farta de aturar a mãe...
E, todos nós já sabemos as alegrias e tristezas que esta relação tão íntima vai gerando.
No entanto, se observarmos a Natureza, veremos como tudo se devia processar.
O Inverno está a acabar...
O Sol, que muitas vezes se escondeu por trás das nuvens, começa a brilhar com mais intensidade e as sementes germinam, crescem e, em breve, se transformam numa bela planta.
As flores desabrocham em múltiplas cores.
O Sol aquece mais e afaga-as com seu calor morno. Em breve brotarão os frutos e, com mais intensidade, ele incide seus raios para os amadurecer. Quando os frutos estão suculentos, prontos para gerarem novas vidas, o astro rei abranda os seus raios e começa a esconder-se por trás das nuvens. Vai dando lugar aos ventos, às chuvas, às tempestades. Aparece de vez em quando, a aquecer as árvores quase despidas. Mas, cada dia, se afasta mais. Já só aparece de vez em quando. Mas, está lá, tentando passar desapercebido.
Quando a terra está ensopada pelas águas das chuvas ou coberta de neve, lá vem ele e, com seus raios quentes, acalentando-a novamente para que o ciclo da natureza se cumpra.
Sejamos nós também como o Sol da vida dos nossos filhos, mas sabendo-nos esconder por trás das nuvens, quando é preciso. Estamos lá vigiando com prudência mas sem incidir nossos raios fortes assiduamente.
Deixemo-nos estar lá, pacientemente, deixando os nossos filhos percorrer a vida deles. Não os abafemos com o calor excessivo do nosso amor, pois corremos o risco de os transformarmos num deserto árido.
Habituemo-nos a observar a Natureza para transpormos para a vida todo o seu saber.
Sejamos o sol da vida dos nossos filhos, mas não os sufoquemos. Eles precisam de crescer e enfrentar as tempestades da vida e aprender a sobreviver a elas.
Tenhamos a coragem de os ver sofrer, para termos a alegria de os ver vencer.
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