As notícias nos
jornais são bem evidentes do quão pouca importância é hoje dada às pessoas com
idades a partir dos sessenta anos.
Vejamos certos
extractos dos diários do nosso Portugal:
Um sexagenário foi
atropelado…
Foi assaltado um
casal de sexagenários…
É assim!...
A partir dos
sessenta anos perdemos a identidade, deixamos de ser úteis, somos tratados como
uma antiguidade que se guarda mais por respeito aos nossos antepassados que um
bem precioso que partilhou connosco a sua vida, nos dedicou o seu tempo e
mocidade, se aniquilou centenas de vezes em nosso favor, que nos escutou com
atenção quando precisámos de desabafar, que deixou passar o seu tempo de saúde
e força usando-as em nosso proveito…
E agora?!
É apenas mais um
sexagenário que anda neste mundo só a atrapalhar pois já não trabalha, não
produz, não faz nada de útil pois está completamente ultrapassado.
Para quê escutá-lo
e beber a sua experiência de vida, se a televisão tudo ensina e a internet está
ao nosso dispor?!
Esquecemo-nos, no
entanto, do amor e carinho que “o velho” transmite nos seus ensinamentos, a
emoção que põe nas suas histórias apaixonadas e o equilíbrio conseguido pela
experiência de uma vida vivida, pela luta constante na resolução de problemas e
que só ele consegue imprimir no seu relato de um facto vivido.
Com a evolução,” os
velhos “ são considerados coisas sem préstimo e que ainda não são eliminados
porque a lei não o permite. São, no entanto, postos em contentores (os lares de
idosos), não para reciclagem, mas para dar oportunidade aos jovens de
trabalhar, viver, gozar a vida.
Parece impossível
como evoluímos tanto no campo da ciência e tanto regredimos no dos sentimentos
humanos!
A maior parte das
pessoas, a partir do momento em que são avós são usadas como amas dos netos
sendo, no entanto, várias vezes recriminadas pelas suas atitudes de
benevolência ou até mal compreendidas quando pretendem ajudar a educar
estabelecendo regras e condutas de ética social.
Se, pelo contrário,
os avós são suficientemente sabedores para ensinarem inúmeras coisas, são ainda
vistos como algo a evitar, pois poderá acontecer que as crianças descubram que
os mais velhos têm valores e sabedoria que poderá ultrapassar em vários
aspectos os dos seus progenitores.
Na realidade,
voltamos outra vez à era em que se levavam os pais ao monte e aí os abandonavam
à sua sorte. Hoje, para ficarmos com a consciência descansada, arranjamos-lhe
bons lares (quase hotéis de 5 estrelas) mas despidos de amor familiar e do
carinho dos mais novos ficando ambas as gerações prejudicadas pela falta de
interacção entre as crianças e os “velhos” que tão frutuosa se mostrou durante
séculos e onde ainda é praticada entre os povos de elevados sentimentos
humanos.
Ter “ velhos” em
casa é ter uma enciclopédia de vida, de amor e sentimentos que nada nem ninguém
poderá substituir.
26/10/11